A origem da Touriga Nacional tem sido tema de debate ao longo de já muitos anos, sendo reclamado o seu ponto de origem tanto pelo Dão como pelo Douro. E quem tem razão?
Para isso, temos que tentar entender como é que descobrimos que uma casta é originária de uma região ou de outra? Os argumentos são: citações bibliográficas da casta nesse local, toponímias (nomes de lugares existentes na região), descendência ou ascendência (a casta tem filhos ou pais na região?) e por último, a diversidade genética, uma ferramenta complexa desenvolvida pelo Professor Antero Martins (ISA) que mede a variação dentro da própria casta e quanto mais alto este número, mais antiga é (curiosidade: A Negra Mole do Algarve é a casta com maior variabilidade genética em Portugal, sendo por isso, sendo entendida como a mais antiga).
A favor do Dão temos, que existe maior variabilidade genética, ainda que muito ligeira, por isso seria ligeiramente mais antiga no Dão. Existe uma vila chamada Tourigo no Dão (uma toponímia), que poderá ter sido o ponto de origem e, por último, tem um descendente, a casta Touriga Fêmea com baixa expressão no Dão.
As duas regiões são muito próximas geograficamente e ambas excelentes candidatas para o ponto de origem da Touriga Nacional, por isso a resposta correta será, que o ponto de origem é no Norte de Portugal, algures entre o Dão e Trás-os-Montes.
Disputa à parte, a casta Touriga Nacional é entendida como a casta rainha e é hoje em dia plantada um pouco por todo o Portugal e presente em várias regiões fora de Portugal, como Califórnia, Austrália, África do Sul e outras.
Sempre se entendeu que a Touriga Nacional era uma casta recente no Alentejo, estando sobretudo a Norte desta região. No entanto, em 1822, no "Tratado teórico e prático da agricultura das vinhas", no capítulo sobre as castas alentejanas, uma casta de nome Tinta Fina (que hoje não sabemos qual seria), António Gyrão afirma:
"Grandes suspeitas que será Touriga de má casta do Douro"
Entenda-se que o autor reconhece a qualidade para vinho da Touriga, no capítulo do Douro, mas critica a sua baixa produtividade. Um problema que só veio ser resolvido nos finais do século XX, com a seleção massal.
Se seria ou não a Touriga Nacional, não sabemos, mas fica no ar a questão, se a Touriga Nacional será então uma casta "moderna" na região ou parte do antigo encepamento do Alentejo.
Uma característica interessante é a mudança do perfil dos aromas que poderá ocorrer na Touriga Nacional, dependendo do clima em que esteja a ser criada. Em climas quentes, os aromas a frutos pretos e a compota de laranja. E nos climas mais frios pode apresentar pétala de rosa, citrinos herbáceos, como Bergamota e Toranja.
A Touriga Nacional é uma casta muito nobre com alto valor enológico e a capacidade de produzir alguns dos melhores tintos portugueses.
A sua componente aromática e excelente cor contribuiu para que seja amplamente utilizada, tanto na produção de vinhos tintos como rosés e até vinhos espumantes de qualidade.