A Herdade situa-se na região do Alto Alentejo, a 10Km de Évora, no Paço do Morgado de Oliveira. Um Paço medieval fundado em 1306 onde se encontra a adega da Fitapreta, um edifício de cortiça construído em 2017 e parte das vinhas da Fitapreta. O Paço do Morgado de Oliveira está a menos de 1h30m de Lisboa e estende-se por cerca de 100 hectares.
A herdade da Fitapreta Vinhos começou a erguer-se no final do século XIV, mas sofreu alterações ao longo dos séculos, sobretudo durante o século XIX, altura que a família Saldanha tomou conta do edifício. A profunda investigação histórica e arqueológica que tem sido feita sobre o local, a pedido de António Maçanita contém, segundo o mesmo, o primeiro documento em Évora que fala de regras aplicadas à vinha e ao comércio do vinho, redigidas por Martinho de Oliveira, Morgado deste paço à época.
A recuperação do edificado da herdade está a ser feita respeitando a sua história e sempre com acompanhamento arqueológico. Numa zona ainda por reabilitar foi encontrada aquela que se acredita ser a mais antiga adega em Évora. Hoje sabe-se que a totalidade do paço do Morgado de Oliveira é do século XIV, tornando este um dos edifícios mais antigos de Évora. Mas nem sempre foi assim, segundo Túlio Espanca, as obras feitas no século XIX de modernização e alinhamento do edifício, por um herdeiro, esconderam o interesse arqueológico do edifício original.
Foi António Maçanita, no seu espírito de explorador, que picou as camadas de massa até à pedra e descobriu cinco portas de arco em ogiva, uma fresta e três pares de janelas em ogiva geminadas também medievais no piso 1, resgatando o esqueleto medieval original do edifício e a sua magnitude da herdade. Também curiosos são os contornos desta aquisição, uma junção de vontades entre o D. João Saldanha e o António Maçanita, que seguiu dois princípios: por um lado, a recuperação de um património em risco de degradação, por outro a garantia da continuidade da família Saldanha, que detém e mantêm o edifício de forma quase heroica desde a sua instituição em 1306.
Assim, a Fitapreta adquiriu o Paço da herdade, com a responsabilidade da sua recuperação e o direito ao seu usufruto exclusivo, mantendo-se a família com o restante, num testemunho da continuidade no que foi um dos mais antigos e importantes Morgados de Portugal, o Morgado de Oliveira.
Na Fitapreta o património vive-se de forma descontraída e cosmopolita, com Évora – cidade Património Mundial da Humanidade – como paisagem de fundo.
A Adega da Fitapreta é a fusão entre o antigo e o moderno, a tradição e a ousadia. Numa zona do Paço do Morgado da Oliveira, foi encontrada aquela que se pensa ser a mais antiga adega em Évora.
Volumetricamente, o novo edifício da adega da Fitapreta, imita as proporções do edifício original do Paço, sem copiar as dimensões, criando a sua própria linguagem, confere unidade e harmonia sem pretender ofuscar o Palácio. Respeitando a silhueta existente, a nova adega permanece baixa como a natureza que a enquadra. Inspira-se nas janelas generosas e altas, nas águas dos telhados, na estereotomia da cantaria, nas entradas largas no térreo, nas linhas retas dos desenhos na pele camuflada que a reveste.
A cortiça foi eleita para material de revestimento porque é um material sustentável, nobre, abundante no Alentejo, traduz a essência do vinho e relaciona-se com o Paço.
Simbolicamente, e aproveitando a designação histórica e presente do Paço, plantaram-se oliveiras no caminho de acesso principal.
No projeto da Fitapreta, tal como os vinhos que combinam ancestralidade e inovação, também a adega convida ao diálogo entre um palácio medieval e a arquitetura contemporânea.