O Alentejo é uma das regiões vitivinícolas de Portugal e está divido em oito sub-regiões: Portalegre, Borba, Redondo, Vidigueira, Reguengos, Moura, Évora e Granja/Amareleja. Reconhecida pelos seus vinhos tintos, a região do Alentejo ganhou visibilidade no final dos anos 80, quando o consumidor valorizou o potencial vínico desta região, que até aos dias de hoje tem-se mantido numa das regiões mais procuradas de Portugal.
O Alentejo está localizado entre os paralelos 38º e 39º a norte do Equador, é uma região do centro do sul de Portugal que integra os distritos de Portalegre, Évora, Beja, metade do Sul do distrito de Setúbal e parte do distrito de Santarém. A região do Alentejo é assim a maior região de Portugal em termos de área e conta com cerca de 21 mil hectares de vinhas plantadas em solos, predominantemente, com baixo vigor e levemente inclinados. A sua topografia é pouco acidentada, apresentado três Serras principais serra de S. Mamede, a serra d’Ossa e serra de Portel.
O Clima no Alentejo é ótimo para a produção de uvas para vinho, devido à sua localização, fornecendo uma mistura desejável de frio no inverno e calor no verão.
O ar frio do Atlântico modera o clima no Alentejo, que de outra forma seria uma região com drásticas amplitudes térmicas.
Classificado como mediterrânico, o clima no Alentejo, tipicamente com 3000 horas de sol e 600 milímetros de chuvas anuais, dos quais, geralmente, menos de 15% cai durante a estação de crescimento. As noites frost-free estendem-se desde o início de março até ao início de novembro. Os meses de Verão são caracterizados pela variabilidade da temperatura diurna, marcada com médias diárias superiores a 33ºC, seguido por mínimas noturnas abaixo dos 15ºC.
Essa amplitude térmica que caracteriza o clima no Alentejo, permite a produção de uvas excelentes, com uma combinação natural de maturidade e frescura. Durante os meses de colheita, no final de Setembro/Outubro, o aumento da humidade, juntamente com as temperaturas médias diárias a diminuir, permite que as uvas atinjam lentamente a completa maturação fenólica em condições de menos stress.
Ainda não é possível determinar com exatidão histórica quando e quem introduziu o cultivo da vinha e a produção de vinho no Alentejo. O que se sabe é que, quando os romanos chegaram às terras do sul de Portugal, na área a que hoje se chama Alentejo, a viticultura e vinificação já faziam parte dos costumes e tradições da população local. O Alentejo era conhecido como a terra do pão (cereal) e era junto das aldeias e comunidades, em pequenas parcelas junto à água, que se plantavam primeiro as hortas e depois as vinhas.
A produção de vinho no Alentejo cresceu substancialmente nas últimas décadas, tornando-se uma cultura mais intensiva no Alentejo, onde o recurso à mão de obra se tornou um sustento para as comunidades locais.
Pelos anos 80, verificou-se uma tendência para o cultivo de castas internacionais como Alicante Bouchet, Syrah e Cabernet Sauvignon. Já no século XXI, assistimos a um reconhecimento das castas autóctones e nacionais e, consequente aumento da área de plantação na região do Alentejo.
No entanto, foi na época Romana que os romanos com o seu conhecimento especializado em técnicas agrícolas, permitiram uma expansão da área vinícola do Alentejo. É até provável, olhando para os registos históricos existentes, que o vinho do Alentejo possa ter sido o primeiro vinho português a ser exportado para Roma.
A influência da época Romana foi tão decisiva para o desenvolvimento da viticultura no Alentejo que, até hoje, 2.000 anos após a anexação do território, podemos ver os efeitos da civilização romana em tarefas diárias. A mais visível da época Romana é a talha de barro (ânfora), uma prática comum criada pelos romanos no Alentejo, e que ainda hoje é usada para o processo de fermentação. O armazenamento do vinho ainda é uma prática corrente e integrante da cultura alentejana.
O início do século VIII assistiu à invasão muçulmana da Península Ibérica, e a vinha no Alentejo sofreu o seu primeiro revés sob a ocupação muçulmana e a subsequente propagação do Islão, um movimento que permaneceu por séculos na Península Ibérica.
Somente após a fundação do Reino de Portugal e graças à Coroa Portuguesa e às novas ordens religiosas, a vinificação regressou em força no Alentejo. No século XVI, as vinhas floresciam como nunca antes se tinha visto, dando origem a vinhos aclamados de Évora – Peramanca – bem como os vinhos brancos de Beja e os claretes do Alvito, Viana e Vila de Frades. Em meados do século XVII os vinhos Alentejanos, juntamente com os da Beira e Estremadura, gozavam de fama e de prestígio em Portugal.
Infelizmente este período foi de curta duração. Na perspetiva de proteção do Douro, nomeadamente, dos vinhos do Douro, em detrimento das outras regiões, surgiu a criação da Real Companhia Geral de Agricultura dos Vinhos do Douro, no século XVIII, pelo Marquês de Pombal. O resultado foi a destruição de vinhas nas restantes zonas do país, mergulhando os produtores na obscuridade.
A crise durou até meados do século XIX com a revitalização do Alentejo em crescendo, e com uma campanha de recuperação para cultivar em terra fértil e “segurar” uma nova geração de agricultores a essas terras.
Assim, nasceu uma nova era dourada para o vinho Alentejano.
O entusiasmo foi despertado quando se tornou notícia de que um vinho branco da Vidigueira, mostrado pelo conde da Ribeira Brava Quinta das Relíquias, havia vencido a Grande Medalha de Honra na Exposição de Berlim em 1888, o maior prémio do evento. Outros vinhos receberam menções honrosas tal como vinhos de Évora, Borba, Redondo e Reguengos. Infelizmente, esse período glorioso teria um fim abrupto.
Duas décadas mais tarde – no início do século XX, ao choque da filoxera seguiu-se a Primeira Guerra Mundial, com depressões sucessivas e, acima de tudo, a grande campanha do Estado Novo para plantar cereais em vez de videiras, promovendo cultivo do trigo para fazer do Alentejo o Celeiro de Portugal. As vinhas foram gradualmente reduzidas para as bordas de campos de trigo, e em poucos anos o vinho do Alentejo já tinha desaparecido do mercado comercial.
Foi sob o patrocínio da Junta Nacional de Vinho, no final da década de 1940, que a viticultura no Alentejo deu os seus primeiros passos vacilantes para a recuperação. Os empresários apostaram na recuperação de um dos últimos tesouros da velha Europa. O mercado reagiu e o vinho alentejano é o preferido pelos consumidores portugueses, representando sozinho tanto quanto as restantes regiões do vinho português juntas.