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Thomas Jefferson 10 anos - vinho licoroso

Thomas Jefferson, preferia vinho do Pico, mesmo quando viveu em França, como cônsul e tinha acesso a vinhos Franceses.

Apesar da sua fama no século XVIII, antes, quase 200 anos, Gaspar Frutuoso já enaltece as qualidades do vinho do Pico, em 1580.

o vinho do Pico não só he muito, mas justamente o melhor, o que muito mais se deve entender do vinho que n’aquella Ilha chamão vinho passado, porque he tão generoso, e tão forte, que em nada cede ao que em a Madeira chamão Malvazia, antes parece que a este vence aquelle, basta para alienar um homem de seu juízo, e não se acomoda tanto à saude, porém o vinho passado do Pico, emprega-se mais em gastar os maos humores, confortar o estomago, alegrar o coração, e avivar, e não fazer perder o juizo, e uso da razão, alem de ser suavíssimo no gosto e muito que o outro vinho da mesma Ilha, com ser todo precioso.

FRUTUOSO, Gaspar – Livro Sexto das Saudades da Terra. s. e.: Ponta Delgada, 1981. Pág. 111.

Mais de cem anos depois, André Brue (1703), menciona que existem duas espécies de vinho: vinho passado e vinho comum, o segundo muito mais abundante. O que é depois confirmado por Michel Adanson em 1727, por James Cook em 1772 e Gustav Hebbe em 1801. Logo vinte e cinco anos mais tarde, Michel Adanson (1727) diz haver duas espécies de vinho branco: um tipo Malvasia (nome pelo qual era conhecido o vinho Madeira, mais doce) e um tipo seco. 

Cinquenta anos depois, James Cook (1772) confirma os dois estilos de vinhos mas tem preferência pelo vinho comum, um que é acre, ácido, agradável, encorpado, melhora com envelhecimento. Outro tipo de vinho é doce, passado, mais caro. Quase trinta anos depois, Hebbe (1801) reforça de novo esta ideia quando menciona dois estilos, um doce que é a “Malvasia” do Fayal é um dos melhores vinhos doces e outro que é o vinho comum entre camponeses, jovem, fraco e misturado com água, nada parecido com vinhos licorosos e alcoólicos.

O vinho do Pico era o vinho mais consumido nas Américas nos meados do século XVII até ao início do século XIX, só por vezes ultrapassado pelos vinhos de Tenerife.

- James Linden, 2008

E a qualidade era reconhecida?

O vinho do Pico era presença obrigatória nas caves das elites da "Nova Inglaterra" que ficaram posteriormente conhecidos como os “Pais Fundadores" do que é hoje os Estados Unidos da América.

Sabemos que George Washington, primeiro Presidente dos Estados Unidos, mantinha na sua coleção pessoal vinho antigo da Madeira e vinho passado do Pico.

Também George Wythe, um dos signatários da Declaração de Independência, mantinha na sua coleção pessoal vinho do Pico para entreter os seus convidados.

James Bodwin, ilustre líder político durante a revolução americana, dava preferência ao vinho antigo da Madeira, mas quase dizia que o vinho do Pico quase o igualava em gosto.

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Mas foi Thomas Jefferson um dos seus grandes apreciadores, exigindo tomá-lo, até em visita a França. Nas “Cartas para Mrs. Adams” escritas por John Adams. Em 9 de Maio de 1776 escreve que acabou de chegar um navio carregado vinho Fayal e acabaram de ficar com dois prémios.

Com o apoio da França na Independência Americana os vinhos do Pico perder a sua importância nas "Américas" e ganham importância na mesa dos Czares russos, no século XIX.

O Oídio e a Filoxera, a destruição de um património

Quis o destino que em 1853, a doença do Oídio e em 1870, a Filoxera, arrasassem a produção dos Açores de 9 milhões de litros, em 1852, para 28 mil litros, em 1859, uma destruição que eliminou toda uma indústria e obrigou à  à emigração em massa dos habitantes das ilhas do Pico e do Faial, que perderam metade da sua população nunca a tendo recuperado até aos dias de hoje.

O renascimento do vinho do Pico

Foi nesse período que a introdução das castas híbridas aconteceu e que quase empurraram as castas nobres como Arinto dos Açores, Terrantez do Pico e Verdelho para a extinção. Mas, alguns Picarotos resistiam e com teimosia mantiveram estas castas. No final dos anos 40, do século XX, uma junta agrícola vai à Ilha do Pico e decide a formação de uma cooperativa com vista a preservar as vinhas e os antigos vinhos do Pico. Cinquenta anos mais tarde, em 2004, uma candidatura das vinhas do Pico a Património Cultural da Humanidade, protege ainda mais o património único que são as vinhas do Pico.

Seis anos depois, em 2010, António Maçanita junta-se à reabilitação da casta Terrantez do Pico, que se encontrava em vias de extinção. Segue-se a produção do Arinto dos Açores em 2013 e a produção do Verdelho O Original em 2014. No entretanto, nos bastidores, sabendo da importância dos antigos licorosos, António foi comprando lotes de vinhos antigos do Pico (2008, 2006, 1995, 1990 até 1957) e começou a produção de licorosos em 2014, initerruptamente até aos dias de hoje, com vista a criar um stock de licorosos na ilha que possa ombrear com o passado destes vinhos.

O António afirma que aos 70 anos tenha construído um stock de 150 mil litros em vinho licoroso do Pico.

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Thomas Jefferson

D.O. Pico
10 anos | Vinho Licoroso

No nosso Thomas Jefferson 10 anos arrancamos assim uma série de 600 garrafas, do que foi um vinho símbolo dos antigos vinhos do Pico, o vinho licoroso, no seu tempo mais áureo ! 

Este DO Pico 10 Anos, composto por vinhos perdidos em adegas e inspirado nos textos antigos, espera contribuir para a recuperação do que foi um dos mais importantes e fascinantes vinhos de Portugal... e quem sabe do mundo.

Estágio: Idade média dos lotes: 10 anos, contendo vinhos com idades superiores a 30 anos.

Notas de prova: Cor dourado âmbar cristalino, nariz muito intenso, notas mar, iodo, sal a mostrar bem de onde vem, combinado com aromas de laranja cristalizada, casca de laranja, expressão das castas açorianas, tudo envolto nos aromas quentes de estágio oxidativo de toffee, passas, amêndoa torrada, grão de café. Na boca ataque cheio, concentrado, a meio de prova intenso, repetem-se os aromas do nariz, ligeira doçura equilibrada por uma acidez presente. Final de prova intenso, longo e muito persistente.

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