Não se pôde chamar vinho de Talha pois a comissão não deixou e não pôde mesmo ser “Alentejano” porque a comissão não gostou. Ficou assim o nosso ensaio de castigo no canto da sala reduzido a um digno e humilde Pote de Barro, bem à sua imagem.
Castas
Vinhas velhas plantadas em 1980, “field blend” de Trincadeira, Aragonês e Castelão.
Viticultura
As uvas são cultivadas em regime de produção biológica certificado estando em sequeiro, sem rega. As nossas vinhas estão também todas certificadas dentro do programa de sustentabilidade do Alentejo.
Vinificação
Vindima manual noturna em palotes de 350kg. Seleção em mesa de escolha. Enchimento da cuba por gravidade. Fermentações alcoólica e malolática espontâneas em Talhas alentejanas antigas que datam entre 1906 e 1945. Maceração pós fermentativa de 2 meses. Estágio em ânfora de barro durante 90 dias.
A Talha, símbolo das antigas práticas de vinificação alentejanas, é um dos últimos vestígios da influência Romana na história milenar dos vinhos alentejanos.
A Talha (ou Ânfora), geralmente feita à mão, é um recipiente bojudo de barro cozido que tem desempenhado um papel crescente na produção de vinhos únicos que capturam a existência de um Alentejo antigo.
O processo de vinificação, envolve a fermentação espontânea na Talha em conjunto com as películas, grainhas e, por vezes, algum engaço. À medida que as películas das uvas sobem até à superfície da talha, é utilizado um rodo de madeira para voltar a colocá-las na parte inferior de forma a aumentar a extração de cor e compostos fenólicos.
A Talha deve servir como uma ferramenta como aumentar o sentido de sítio e não mascará-lo, ou seja, vinificar um Talha deve de certa forma celebrar os solos do Alentejo, as castas antigas, as suas posições e devemos sentir isso num copo de vinho, em conjunto com o aroma da Talha, um pouco como cozinhar num forno a lenha, não deverá isso sobrepor-se ao ingrediente base.