Nos bastidores deste projeto estão Nuno Faria, madeirense e restaurateur e António Maçanita, enólogo e entusiasta de terroirs extremes, amigos há mais de 15 anos e que juntaram forças para explorar e celebrar o potencial destas ilhas encantadas numa garrafa de vinho.
A recuperação de castas perdidas, abandonadas ou indesejadas, ou técnicas desaparecidas tem sido uma das marcas deixadas pelo enólogo António Maçanita. No currículo fica o primeiro vinho que se engarrafou da casta da Negra Mole, no Algarve, o primeiro Branco de Talha no Alentejo e podermos hoje provar castas únicas como Tinta Carvalha, Alicante Branco ou Trincadeira das Pratas também no Alentejo, são alguns exemplos da dedicação em descobrir um Portugal esquecido. Mas, mesmo assim, talvez o seu trabalho mais assinalável tenha sido com os vinhos dos Açores, primeiro na recuperação da casta Terrantez do Pico e depois na casta Arinto dos Açores e agora a atenção dada às vinhas velhas, no que pode hoje ser considerada uma verdadeira revolução nos vinhos dos Açores.
Os seus primeiros cocktails eram um sucesso entre os bares de Porto Santo durante as férias de Verão. Da ocupação part-time para a restauração a full-time bastou um curso de Gestão e um bilhete de avião, da Madeira para Lisboa, onde acabou por integrar a equipa de gestão dos restaurantes do Casino Lisboa, com o chefe Fausto Airoldi.
O chefe que se seguiu foi Ljubomir Stanisic. Amigo de longa data, partilhavam um desejo comum: o antigo Bacchus (hoje Bistro 100 Maneiras). Nuno escreveu cartas, colocou-as debaixo da porta, falou com amigos dos então proprietários, esperou. E um dia alcançou. Tornou-se sócio do 100 Maneiras e o 100 Maneiras conseguiu o Bacchus para si. Hoje é a cara que todos (re)conhecem nos três restaurantes do grupo, o corpo e a alma responsável pelo front-office e bebidas. O homem que trata os vinhos como amigos e recebe os amigos como em casa. Em 2014 começou uma nova aventura com uma das suas antigas paixões, a música, tornando-se um dos responsáveis pelo Festival Lisb-ON Jardim Sonoro, no Parque Eduardo VII, e mais tarde pela festa MEL, na Comporta.
Em Março de 2021, durante o primeiro confinamento passado em Porto Santo, encantado com as vinhas rasteiras de muros brancos da ilha, lançou um novo desafio ao enólogo e produtor António Maçanita. Criaram uma nova sociedade, a Companhia de Vinhos dos Profetas e dos Villões, numa alusão às alcunhas entre ilhas, Profetas é como os madeirenses chamam aos porto santenses e Villões o que os habitantes de Porto Santo chamam aos madeirenses.
Frenético mas sempre certeiro, tem um talento especial para combinar bebidas, lotes de vinhos, mas acima de tudo para fazer amigos. É ansioso por natureza, tem fama de fazer voar copos (e acabar por não os partir). Não se licenciou em artes mágicas, mas espalha magia à sua volta.